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terça-feira, março 31, 2009

31 DE MARÇO DE 1964: UM GOLPE ILUMINISTA.

Em 31 de março de 1964, era apenas um adolescente. Mas acompanhava a política. Meu pai era do PSD. E nunca me esqueço do dia 31 de março de 1964, quando meu pai chegou para o almoço e vaticinou: é coisa para 10 anos, referindo-se ao governo militar que era instaurado no Brasil. Entretanto, o lapso de tempo dos militares no poder foi muito mais longe e, queiramos ou não, o Brasil mudou radicalmente e se desenvolveu.

Mas eu, seguindo meu pai, não aprovei o golpe. Quando cheguei à universidade me alinhei ao pessoal da esquerda e foi quando iniciei a carreira jornalística trabalhando como redator a partir de 1971, no jornal O Estado aqui de Florianópolis.

Contaminado pelas teses esquerdistas combati, como pude, por anos seguidos, a ditadura militar. Também ajudei naquilo que estava ao meu alcance os líderes esquerdistas, muitos dos quais foram presos aqui em Santa Catarina na Operação Barriga Verde em 1974, quando os militares assestaram um pesado golpe na organização articulada principalmente pelo velho PCB.

Lembro que quando o José Genoíno recém havia saído da ilegalidade, um dos líderes do PT local perguntou se não queria entrevistá-lo. E lá fui eu ouvir o Genoíno, magrelo, mal vestido, na sala de um cortiço da velha rua Conselheiro Mafra aqui em Florianópolis, que era uma espécie de sede do PT local. Além dele entrevistei outros esquerdistas, como Hércules Correia e o festejado Luiz Carlos Prestes, além de Lula, é claro, por mais de uma vez.

Embora não participasse de nenhum partido político, nem legal e nem proscrito, ajudava os políticos do ex-MDB, então uma grande frente que abrigava desde liberais, se é que assim se pode qualificá-los, até esquerdistas empedernidos, que utilizavam um partido legal para fazer a sua política mantendo um pé nos aparelhos comunistas.

Passei, portanto, boa parte, ou talvez a melhor parte da minha vida, a juventude, mergulhado na idiotia esquerdista que me havia cegado intelectualmente.

Toda essa gente que eu ajudei, me expondo ao risco, por acreditar na sua sinceridade democrática, vi mais adiante que não passava, com raríssimas exceções, de estúpidos e oportunistas. Essa gente nunca foi democrática e postulava, nos anos 60, transformar o Brasil numa grande Cuba. Queriam substituir o regime autoritário dos militres por uma ditadura tipo cubana. Esta é que é a verdade!

Para sair desse curral de idiotice onde chafurdei por um bom tempo não foi fácil.

A minha conversão à democracia liberal e ao sistema econômico capitalista só começou a acontecer no início dos anos 90, quando cheguei à conclusão que precisava estudar muito mais para conseguir entender um pouco de política, de economia e, sobretudo de ciência.

Nessa época resolvi voltar a estudar de forma séria. Ingressei no Mestrado em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina e comecei a estudar para valer. E foi nessa época que a ficha começou a cair, embora eu ainda possuísse um pé no esquerdismo. À medida que mais eu estudava, mais evidências surgiam a respeito da tremenda idiotice que são as teorias socialistas.

Mas a reação de qualquer adepto do esquerdismo ante a evidência dos fatos é montar um discurso e até mesmo uma teoria para se auto-convencer de que o marxismo e seus epígonos é que estão certos.

Tive a sorte de ter ótimos professores no Mestrado que não compactuavam com as teses marxistas. Passei a estudar Max Weber, o grande filósofo alemão, que a malandragem marxista sempre abominou.

A ficha foi caindo devagar e a dissertação que defendi e que está editada em livro – Elementos de sociologia do direito em Max Weber -, ainda contém certos resquícios de visão esquerdista, embora sem prejuízo do conteúdo teórico formulado pelo sábio de Heidelberg em sua copiosa obra.

Ao final dos anos 90, já depois de ter concluído o Mestrado, é a que a ficha caiu totalmente e me libertei do marxismo adotando as teses do liberalismo e avançando um pouco para aquilo que a esquerda tipifica como “conservadorismo”.

Portanto, quando alguém me acusa de reacionário, direitista, conservador e o escambau estou pouco ligando. Esse tipo de censura só me orgulha.

Se hoje estivesse no Rio de Janeiro iria ao Clube Militar na sessão comemorativa alusiva a 31 de março de 1964, para render a minha homenagem a alguns militares, hoje com cabelos brancos e na reserva, que contribuíram decisivamente para evitar que o Brasil caísse nas mãos da canalha comunista.

O golpe militar de 31 de março de 1964 foi, na verdade, um golpe iluminista.

APARELHAMENTO PETISTA LIQUIDA O PAÍS

O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou um déficit primário - receitas menos despesas, sem considerar o pagamento de juros da dívida - de R$ 926,2 milhões em fevereiro, segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 31, pelo Tesouro.

O saldo negativo é o primeiro registrado em um mês de fevereiro, segundo a série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 1997. Em fevereiro de 2008, o governo central teve um superávit de R$ 4,088 bilhões.

No primeiro bimestre do ano, o superávit primário foi R$ 17,530 bilhões menor que no mesmo período de 2008. Os dados do Tesouro indicam uma deterioração do esforço fiscal do governo nos dois primeiros meses de 2009. O superávit primário do Governo Central caiu de R$ 20,579 bilhões (4,63% do PIB) no primeiro bimestre de 2008 para R$ 3,049 bilhões (0,65% do PIB) nos dois primeiros meses deste ano.

O resultado ruim foi gerado por um aumento nas despesas e uma queda nas receitas. Enquanto no primeiro bimestre de 2008 as despesas estavam crescendo a 14,8%, em 2009, no mesmo período, o ritmo de crescimento subiu para 19,59%. Por outro lado, as receitas do governo central despencaram. Se no primeiro bimestre de 2008, as receitas cresciam 20,4% ante mesmo período de 2007, agora registram uma queda de 3,05%.

Entre as despesas, o maior aumento foi com gastos com pessoal, que subiram 25,36%, em relação ao primeiro bimestre de 2008. Nessa conta estão incluídos o pagamento de precatórios e a reestruturação de carreiras e aumento salarial dos servidores. Também aumentaram em R$ 700 milhões as despesas com subsídios decorrentes da política de preços agrícolas. (Leia MAIS)

PALÁCIO DE LULA TEM 67 DIRETORES

À semelhança do Congresso, o Palácio do Planalto é uma Casa com organograma inchado. Os salários podem não chegar às cifras do Legislativo, mas a Presidência criou no governo Luiz Inácio Lula da Silva uma série de funções para encaixar a militância.

Na teia administrativa, há 67 diretores e uma centena de chefes. Só a Casa Civil, pasta comandada pela ministra Dilma Rousseff, conta com sete diretores, mesmo número da multinacional Vale do Rio Doce.O setor que mais ganhou diretores foi o da Comunicação Social, do ministro Franklin Martins.

Desde 2003, passou de 2 para 12 diretores, o dobro da Petrobrás. Há diretores de Patrocínios, Normas, Controle, Internet e Eventos, Comunicação da Área de Desenvolvimento, Mídia, Imprensa Internacional, Imprensa Nacional, Imprensa Regional, Produção e Divulgação de Imagens, Apoio Operacional e Administrativo e Comunicação da Área Social.

Foram criadas, ainda, mais oito Diretorias de Programa para as pastas de Relações Institucionais e Assuntos Estratégicos. Um diretor geralmente ocupa cargo comissionado com salário de R$ 8.988, o DAS-5, mas há variações, caso seja servidor ou não. (Leia MAIS)

JUDEUS: UM POVO LABORIOSO E DEMOCRÁTICO

Veja aqui neste vídeo um resumo da saga dos judeus até a formação do Estado de Israel há 60 anos. Milhares de judeus morreram assassinados pelos nazistas alemães e enfrentaram inimigos poderosos para conseguir formar a sua Nação.

Num ponto do planeta completamente inóspito, com cerca de 30% de suas terras desérticas, os colonos judeus pioneiros fincaram ali as bases do Estado de Israel, hoje exemplo para o mundo de país democrático, tão democrático e multicultural que aceita a existência até mesmo de um partido político árabe.

Em 60 nos, os judeus construiram uma potência econômica e democrática, embora nessas seis décadas de vida do país, seu povo judeu continua sendo atacado permanentemente e deforma covarde e traiçoeira pelos seus inimigos, cuja meta é destruir Israel.

Ora, se os judeus dominassem o mundo, os meios de comunicação e as finanças, como é propalado pelos antissemitas, sua condição de vida seria muito diferente, não?

Peguei a dica deste vídeo lá no site Beth-Shalom (Casa da Paz), com link permanente na coluna ao lado e que recomendo que visitem.

E o que mais admiro nos judeus, que são na maioria muito religiosos (eu não sou) é que o judaísmo não tem qualquer viés de fanatismo. Judeus não fazem catequese e não tentam cooptar ninguém para que professe as suas crenças. Aqueles que por ventura pretendem adotar o judaísmo como a sua religião terão inclusive que cumprir um rigoroso rito de iniciação.

Faço a postagem deste vídeo nesta data em homenagem a Israel que, a partir de hoje passa a ter um novo governo liderado pelo premier Benjamin Netanyahu (veja post mais abaixo).

CONSULTOR PETISTA TERIA MAMADO NA UNB

Processado por suspeita de formação de quadrilha, apropriação indébita e lavagem dinheiro, o empresário gaúcho Luis Antônio Lima teve R$ 14,1 milhões em bens sequestrados pela Justiça do Distrito Federal.

Dono da Intercorp Consultoria Empresarial, Lima , a mulher dele, Flávia Camarero, e outras seis pessoas respondem à ação penal na 3ª Vara Criminal de Brasília. Entre os bens indisponíveis estão R$ 11,5 milhões em aplicações financeiras e cotas de empresas, joias, carros, quadros, imóveis no Rio Grande do Sul e até uma lancha. Eles recorreram da decisão.

Ex-psicólogo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, o consultor se transferiu para Brasília em 2000 e fez fortuna a partir de convênios com a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), entidade vinculada à Universidade de Brasília (UnB).

Investigado desde maio de 2007, o empresário ganhou notoriedade no ano passado, depois da descoberta de um esquema de desvio de recursos na fundação. Segundo a denúncia apresentada pelo MP, entre 2000 e 2006 a Intercorp recebeu R$ 21,9 milhões da Finatec.

No mesmo período, a empresa da mulher de Lima, a Camarero & Camarero Consultoria Empresarial, recebeu outros R$ 6,2 milhões da fundação. Somados, os repasses alcançam 81% do total de valores recebidos pelas empresas.

Em depoimento ao MP, Lima admitiu ter criado a Camarero & Camarero apenas para reduzir o pagamento de impostos nos contratos com a Finatec.

As provas obtidas por intermédio da quebra de sigilos fiscal e bancário mostram que, em 1999, Lima tinha um patrimônio de R$ 283 mil. Ao final do contrato com a Finatec, os bens acumulados pelo consultor totalizavam R$ 12,2 milhões - um crescimento de 4.241%. (Leia MAIS)

Sponholz: 1. de abril

NOVO GOVERNO DE ISRAEL ASSUME HOJE

O novo governo de Israel, chefiado por Benjamin Netanyahu, asssume nesta sexta-feira, depois de muitas negociações para formação do gabinete. Gostaria de poder tecer algum tipo de análise a respeito dessa ótima notícia que coloca um grupo conservador no poder em Israel.

Entretanto, vejo nos portais dos grandes jornais brasileiros apenas o noticiário das agências de notícias completamente dominandos pela visão do esquerdismo politicamente correto. A cada três palavras escritas as agências qualificam Netanuahu de “direitista”, como se isso fosse um mal, quando na verdade não é.

Gostaria que os ditos “esquerdistas” fossem tão democráticos quanto o novo premier “direitista” israelense, como gostaria também de viver num país que fosse democrático na acepção da palavra, como é Israel.


Aliás, Israel, como tenho afirmando repetidamente aqui no blog é um dos países mais democráticos do mundo,e se transformou no último bastião de defesa dos valores e da cultura ociedental, depois que os Estados Unidos deram essa guinada em favor do titubeante Hussein Obama.

Sponholz: sem teto, sem terra e sem vergonha!

segunda-feira, março 30, 2009

LULA TORROU R$ 1 BILHÃO COM PROPAGANDA

O valor torrado pelo governo Lula em publicidade em 2008, ficará perto de R$ 1 bilhão. Os gastos em patrocínio federal no ano passado bateram em R$ 918 milhões. Dois buracos negros ainda persistem nessa área.

Não se sabe o volume aplicado em publicidade legal nem o custo de produção das peças publicitárias. Esse último é um segredo nunca revelado pelo governo nem pelas agências acostumadas a mamar nas tetas generosas de Brasília.

A estimativa para as despesas com publicidade gira em torno de R$ 250 milhões a R$ 350 milhões por ano.

Tudo considerado, a administração federal consome anualmente, por baixo, R$ 2,2 bilhões com ações de propaganda e marketing.

É dinheiro em qualquer lugar do mundo. (Do ex-Blog do Cesar Maia com base em informação da coluna do Fernando Rodrigues, da Folha)

LULA CAI E JOSÉ SERRA CONTINUA IMBATÍVEL

A aprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu dez pontos porcentuais desde janeiro, segundo a pesquisa CNT/Sensus. O índice passou de 72,5% para 62,4%, o menor desde abril de 2008.

Também tem queda significativa a aprovação pessoal de Lula, passou de 84% em janeiro para 76,2% em março. Os números em abriu do ano passado foram 57,5% de aprovação ao governo e 69,3% de aprovação pessoal.

Essa é o terceiro levantamento em dez dias que apresenta queda na avaliação do governo e na aprovação de Lula. Segundo o instituto, o resultado deve-se à piora no emprego e renda desde o início da crise.

A pesquisa revela que a taxa dos que sentiram a piora no emprego nos últimos seis meses subiu de 38,5% para 54,5%. Na pesquisa anterior, de janeiro, essa taxa era de 38,5%. Já os que avaliam que houve melhora no mercado de trabalho foram apenas 20,9% em março, ante 32,7% em janeiro.

Apesar das quedas registradas, os patamares ainda são bem superiores aos verificados pela pesquisa no governo Fernando Henrique Cardoso, no mesmo mês de um ano pré-eleitoral. Em março de 2001, a avaliação positiva do governo FHC era de 33,3% e a avaliação positiva do presidente era de 45,6%.

Sobre a sucessão em 2010, o destaque da pesquisa é para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata preferencial de Lula. Pela 1ª vez, ela passou o governador de Minas Gerais, Aécio Neves na sondagem. O governador de São Paulo, José Serra, segue liderando as intenções de voto em todos os cenários. No primeiro turno, Serra teria 45,7% e Dilma, 16,3%. (Leia MAIS)

MEU COMENTÁRIO: notem o cuidado do redator do Estadão em transmitir a idéia de que Lula e Dilma não estão tão mal assim, apesar da queda do primeiro e clara impossibilidade da Botoxuda chegar a algum lugar, pois nunca se elegeu para coisa nenhuma.

Mais adiante, bem abaixo é que destacam a performance de José Serra, que lidera as pesquisas em qualquer cenário.

Goste-se ou não de Serra, o fato é que, salvo algum fato extremamente grave que o desabone, ninguém conseguirá batê-lo nessa eleição presidencial. Por mais desinformada que seja a população, fica muito evidente para as pessoas que José Serra tem corte de estadista, fez uma ótima administração como prefeito e repete agora como governador do Estado mais importante do Brasil.

Serra tem o maior patrimônio político que um pretendente ao cargo de Presidente da República pode ter: já foi ungido várias vezes pelas urnas: Senador, Prefeito da mais importante capital da República e Governador da maior potência econômica, política e cultural que é o Estado de São Paulo.

Ainda quero ver esse bando de jornalistas aduladores dos petralhas puxando o saco de José Serra.

Sponholz: três charges excelentes!


'STASI' INVADE ESCRITÓRIO COM AVAL DE JUIZ


A ação da Polícia Federal na sede da Camargo Corrêa reacendeu polêmica acerca da inviolabilidade da advocacia, expressamente garantida por lei sancionada em agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Advogados se revelam indignados porque os federais vasculharam o departamento jurídico da empreiteira na quarta-feira, quando a Operação Castelo de Areia foi deflagrada.

A blitz foi autorizada pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6.ª Vara Criminal Federal de São Paulo."O escritório do advogado é inviolável, caso contrário ele não terá mais garantia do sigilo profissional", reagiu o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende os executivos da Camargo Corrêa, alvos da investigação.

"Se não for assim, médicos terão seus prontuários devassados e jornalistas terão de revelar suas fontes, o que é inconstitucional", alerta Mariz . "A exceção que a lei prevê é para os casos em que o próprio advogado é investigado. Não era esse o caso da operação (Castelo de Areia)."Quando a PF chegou ao conjunto de salas do departamento jurídico, os advogados da empresa argumentaram sobre a inviolabilidade de seus domínios, amparada nos artigos 6.º e 7.º da Lei 11.767/08.

Ante o impasse, a força-tarefa recorreu a De Sanctis, que expediu mandado de busca incluindo o jurídico, "com a finalidade de apreender quaisquer documentos ou outras provas".A ordem cita como alvo da inspeção "salas dos advogados do Grupo Camargo Corrêa e/ou empresas a ele vinculadas".

No mandado de busca 46/09, De Sanctis ordenou apreensão de "registros contábeis, agendas, ordens de pagamento e documentos relacionados à manutenção de contas, dinheiro, veículos, documentos indicativos da propriedade de bens, proveitos do crime e computadores".

O juiz sustenta que a lei "permite a violabilidade de escritórios de advogados quando seus clientes supostamente forem autores, co-autores ou partícipes de crimes, como é, em tese, a hipótese presente".

"A lei prevê exatamente o contrário", protesta Mariz de Oliveira. "Proíbe o acesso a dados sob sigilo profissional. É um direito do cidadão ter o seu sigilo com o advogado. O que houve (na Camargo Corrêa) foi uma ação absurdamente ilegal. O País precisa ficar atento a isso." (Leia MAIS)

MEU COMENTÁRIO: É uma ilegalidade atrás da outra sob a orientação do "direito achado na rua".

E ninguém tem coragem de mandar fogo nos botocudos.

E DAÍ, OAB?

FOGO NOS BOTOCUDOS! FOGO! FOGO NELES!

CÂMARA QUER DESRATIZAR A CASA...

Na sessão “Carrinho de compras”, o site Contas Abertas traz mais despesas curiosas realizadas pelos órgãos públicos federais nos últimos dias. O destaque é para os ratos, que parecem estar atuando com toda força no Congresso Nacional.

Isso porque a Câmara dos Deputados empenhou (reservou em orçamento) R$ 15 mil para pagar serviços de “desratização” a serem realizados quadrimestralmente nas dependências dos prédios administrativos da Casa e seus respectivos estacionamentos”. A idéia é exterminar as ratazanas... Fora isso, a Câmara também se preparou elegantemente para eventos: reservou R$ 5,5 mil para a compra de arranjos florais.

E quem seguiu a mesma linha de combate às pragas foi a Presidência da República. O órgão reservou R$ 1,2 mil para a compra de 360 inseticidas aerossol, repelente para mosca, pernilongo e barata, e 10 peças para pulverizadores manuais de gatilho, uso doméstico, 500 ml cada.

Agora, está declarada uma verdadeira caça aos insetos e aos ratos que, provavelmente, devem estar perturbando o sono e o trabalho de muita gente... (Leia MAIS)

Sponholz: páscoa petralha

domingo, março 29, 2009

REDAÇÃO DO FANTÁSTICO É CORJA DE SABUJOS

O Fantástico, cuja redação sempre foi dominada por uma bando de petralhas cretinos, porém atrevidos, veiculou um extensa reportagem para execrar mais um vez, em horário nobre, a empresária Eliana Tranchesi, repetindo ad nauseam, sem apresentar uma só novidade aquilo que os jornais e a própria emissora tinham já haviam divulgado.

Não há um miserável órgão de imprensa independente no Brasil. Todos estão agachados ante o PT. Os Marinho devem estar sofrendo de diarréia crônica temendo a ameaça dessa petralhada imunda e covarde.

Não há um empresário sequer que tenha coragem de convocar a imprensa internacional para denunciar a trama sórdida de Lula e seus petralhas e seu delírio esquerdista.

Não se ouviu uma só entidade de classe empresarial protestando. Cadê a Confederação Nacional do Comércio? A Confederação Nacional das Indústrias? Cadê a poderosa FIESP?

Não. Não há nenhum empresário que tenha brio, coragem, despreendimento para defender o Estado de Direito democrático, de protestar contra essa vagabundagem do PT que institui o Estado Policial. Foram prender a empresária Eliana Tranchesi às 6 horas da manhã!

E ainda há juiz que tem a coragem de dar 94 anos de prisão para Tranchesi, enquanto os brasileiros não podem mais andar sossegado pelas ruas sob a ameaça permanente dos botocudos assassinos. A esses os petralhas invocam os direitos humanos.

Já disse aqui. Se for comprovado que Eliana Tranchesi cometeu todos esses crimes dos quais é acusada, que seja punida na forma da lei.

O que eu não admito é esse excesso pirotécnico, grotesco, que manipula a opinião pública, especialmente aquelas pessoas, cuja maioria é constituída de botocudos estúpidos, que não sabem sequer o que seja a política, o Estado de direito democrático, que não sabem nada. O Estado petralha, nesse caso, vale-se dessa lamentável ignorância dos botocudos para insuflar o ódio à prosperidade e à riqueza, como se isso fosse algo condenável.

Lula e seus petralhas já conseguiram aparelhar completamente a Polícia Federal e boa parte do Poder Judiciário, valendo-se dos 'valentes' militantes do direito achado na rua.


Quanto à grande imprensa, há muito tempo já foi dominada pelos jornalismo de aluguel do PT. E a prova disso é essa matéria veiculada pelo Fantástico cujo objetivo é de açular a luta de classes, de alimentar o ódio à riqueza e à prosperidade como se todos os ricos fossem desonestos.

Ora, a verdade é que a prosperidade e a civilidade de um país se medem pela quantidade de ricos e de classe média e alta que possui. Ou será por uma horda de botocudos beneficiários da bolsa-família?


Dito isto, se conclui, sem qualquer dúvida, que a redação do Fantástico da Rede Globo é composta por uma corja de sabujos.

'ESTADÃO' A SOLDO DO PT

Reproduzo a seguir os parágrafos iniciais do excelente artigo do Nivaldo Cordeiro, postado no site Mídia sem Máscara, que merece ser lido e assino embaixo. Está mais do que perfeito. Um atento leitor deixou a dica deste artigo nos comentários. Não deixe de ler na íntegra e repasse aos seus amigos!

Pouco a pouco se instala no Brasil o terror policial contra a plutocracia nacional. A esquerda, na marcha da sua revolução pela via de Antonio Gramsci, aparelhou a tal ponto os órgãos do Estado que o terror policial passou a ser tolerado como normalidade. O terror já faz parte da paisagem cotidiana, é manchete diária dos jornais.

Vimos o caso esdrúxulo da proprietária da loja Daslu ser condenada à inacreditável pena de 94 anos de prisão, que nem mesmo homicidas hediondos matadores de pais e de criancinhas receberam por seus crimes.

A senhora Eliana Maria Tranchesi cometeu o “crime” mais bárbaro na ótica dos revolucionários, o de ter enriquecido por seus próprios méritos, por seu próprio empreendedorismo.

Não vimos uma única palavra no jornal “Estadão” contra esse abuso judicial, que começou muito antes, pela formatação do sistema legal espúrio, tipificando crimes que não deveriam existir enquanto tal. E pelas escutas telefônicas “legais” (um abuso policial totalitário). Eis o desfecho
justiceiro da Justiça tornada revolucionária. (Clique AQUI para ler na íntegra)

Sponholz: o Apedeuta e os branquelos


ONGs SE MULTIPLICAM PARA SUSTENTAR O MST

A manchete da Folha de São Paulo deste domingo revela os tortuosos caminhos que levam o dinheiro público para o MST.

O imposto de renda está aí para tomar o seu dinheiro e depois passá-lo às ONGs que financiam esses bate-paus do PT, bando de arruaceiros que invade impunemente propriedades e pratica assassinatos, como ocorreu naquele recente episódio em Pernambuco.

Aqui a parte inicial da reportagem da Folha de São Paulo: Leia:


Sem placa na porta, uma sala no centro comercial de Brasília abriga, desde 2006, a discreta sede do Itac (Instituto Técnico de Estudos Agrários e Cooperativismo). Criado após os principais braços jurídicos do MST tornarem-se alvo de investigações por desvio de recursos, o instituto conquistou, no ano seguinte, a liderança na captação de verbas federais entre entidades que prestam serviços a sem-terra e assentados, ao receber mais de R$ 4 milhões.


Ao lado de outras 42 entidades que receberam dinheiro em parcerias com o governo, o Itac é comandado por pessoas vinculadas ao movimento dos sem-terra. Seus dirigentes -Paulo Ueti e Gustavo Moura- aparecem como representantes oficiais do MST no "Diário Oficial" da União.

O rastreamento dos vínculos, feito pela ONG Contas Abertas e pela Folha, mostra que o repasse de verbas a entidades ligadas ao movimento desde 2003 se aproxima dos R$ 152 milhões.

O valor é mais de três vezes maior que os números conhecidos até aqui das transferências feitas a quatro entidades associadas aos sem-terra -e dos quais o TCU (Tribunal de Contas da União) busca reaver R$ 22 milhões supostamente desviados em uma década.

Aos 25 anos, o MST nunca existiu juridicamente, não tem registro na Receita, não pode fazer convênios com a União nem receber verbas diretamente. Por participar de invasões de terras e prédios, também estaria impedido de receber dinheiro do contribuinte.

Diferentemente do que afirmou o governo após as recentes invasões e as críticas por descumprimento da lei lançadas pelo presidente do Supremo, Gilmar Mendes, os repasses continuam ocorrendo.

Eles beneficiam entidades menos visadas, como a Cepatec, prima-irmã da Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola), que teve os bens bloqueados.

Na soma dos dois últimos anos, os repasses já ultrapassam aqueles feitos nos dois primeiros anos de mandato de Lula (2003-2004): foram R$ 42 milhões para 34 entidades contra R$ 37 milhões para 26.

No período do governo Lula, 2005 registrou o maior volume de pagamentos ao grupo de entidades ligadas ao movimento, justamente o ano da CPI da Terra e de investigações no TCU apontarem o relacionamento.

Em menos de dois meses e meio, pagamentos feitos em 2009 a entidades cujos dirigentes mantêm vínculos com o MST somavam, até o último dia 13, R$ 6,5 milhões, segundo o Siafi (sistema de acompanhamento de gastos da União).

"Essas são entidades privadas cujos responsáveis pelos convênios têm relação direta com o MST, os repasses podem ser ainda maiores e é preciso investigar se os recursos foram aplicados de forma legítima", avalia o economista Gil Castelo Branco, do Contas Abertas.

Dos 925 convênios firmados por órgãos da União com 43 ONGs com vínculos com o MST, 114 estão inadimplentes. (Assinante da Folha/UOL lê MAIS)

SUCESSOR DE CLODÔ É FOGO NOS BOTOCUDOS

Na Veja que foi às bancas neste final de semana , a sessão "Conversa" é com Paes de Lira (foto), Coronel da reserva da PM paulista, do PTC, que assumiu o mandato do costureiro Clodovil Hernandes, que morreu há duas semanas. Uma curiosidade: ele quer andar armado no Congresso, segundo a entrevista que concedeu para a jornalista Sandra Brasil.

Pelas suas posições, o novo parlamentar que os politicamente corretos já rotulam de "linha dura", justamente por defender a lei e a ordem, promete mandar "fogo nos botocudos". É isso aí Deputado. Fogo neles!

Leiam:

O senhor é o novo Clodovil?
Não, os percalços da vida me trouxeram para cá. Minhas plataformas são combate ao crime, defesa da polícia, leis mais duras e defesa da vida desde o ventre materno.

E o casamento gay?
Não apoio isso nem nada que produza a descontinuidade da espécie. Sou pela família de homem com mulher. Família sadia é sociedade sadia.

É por declarações como essa que o senhor é chamado de linha-dura?
Aceito o rótulo. Sempre fui linha-dura no combate ao crime, mas sou um linha-dura de coração suave.
Como?
No cumprimento do dever, sou duro mesmo. Mas quem me conhece de perto não me vê como um sujeito empedernido assim. Sou afável.

Já matou alguém?
Estive em entreveros armados. Atingi uns cinco ou seis, mas nunca respondi por homicídio. Só disparei em defesa de inocentes, e o estado democrático não pode abrir mão do uso da força letal.
O senhor se sentirá bem no gabinete de Clodovil, que tem um pé de mesa em formato de cobra?
Como sou novato, me deram outro gabinete, que não tem nem banheiro. Mas, para um soldado, isso não é problema.

Pode falar sobre seu bigodão?
Eu o adotei em 2004, quando passei para a reserva. No serviço ativo, não usava.
N.B.: Grato ao sempre atento leitor Stefano, que me fez notar esta entrevista. Valeu!

O bom humor do Sponholz em dose dupla


sábado, março 28, 2009

SÁBADO ESPECIAL NO BLOG. MUITA INFORMAÇÃO

- Especial de Veja na íntegra: o caso Eliana Tranchesi

- Americanos já filmaram o vírus da AIDS em ação

- Senado: a farra é deles. A conta é nossa.

- Diogo Mainardi: O Elogio do atraso.

- A música, como arte, atualiza sempre o passado (Meu texto)

- 100 anos de dissonância

- Mais um lance de pirotecnia petralha

- Sponholz: olhos negros, azuis e a loirinha.

Tudo isso no 'sábado especial do blog' com a garantia do jornalismo politicamente incorreto. Boa leitura e tenham todos um excelente final de semana. O blog será atualizado ao longo do dia.

ESPECIAL: UM DIA A CASA CAI. CAI?

Aqui, como prometi, a reportagem de capa da Veja que foi às bancas neste sábado, a respeito da rocambolesca prisão da empresária Eliana Tranchesi, por uma uma midiática operação da Polícia Federal. Tranchesi já foi solta, mas passou a noite numa cela com presas comuns no Carandiru. Com isto, os petralhas já atingiram o seu objetivo.

Seu fosse eu o dono da Daslu, fechava o negócio, despedia todos os empregados e ia embora para sempre do lixo ocidental e ainda por cima processava o Estado brasileiro. Aliás, há de sobra elementos, fatos concretos suficientes para dar uma bela atochada. E isto não tem nada a ver com impunidade. Estou me referindo à forma desabusada com que o Estado utilizou o episódio para difundir a luta de classes e o ódio a riqueza e à prosperidade. Houve utilização política dos fatos o e o Estado de direito democrático foi pisoteado.

A reportagem de Veja está correta, minuciosa e revela todos os lances dessa operação e as acusações que pesam sobre a proprietária da Daslu.

São acusações graves e, se provadas, cabe evidentemente a punição conforme a lei e à ordem. Sem pirotecnia e vazamento proposital de informações. E sem açular a luta de classes e desestimular a busca da riqueza e do bem estar, um direito de todos os que trabalham, tem projeto e objetivo, estudam e nas primeiras horas da manhã estão trabalhando.
O título do post é o mesmo da reportagem da revista.

Leiam:

Nunca se viu coisa assim: Eliana Tranchesi, dona da loja de alto luxo Daslu, é condenada a quase um século de prisão por fazer importações ilegais

Laura Diniz, Bel Moherdaui e Sandra Brasil

Fotos Alexandre Vieira/Futura Press e Fernando Donasci/Folha Imagem
PRESA, NOVAMENTE
Depois de permanecer dez horas presa, em 2005, Eliana voltou a ficar atrás das grades na semana passada. No bilhete à imprensa, acima, ela escreveu: "Não represento perigo para a sociedade". Na sexta-feira, recebeu um habeas corpus

É comum, no Brasil, reclamar das penas aplicadas pela Justiça: muito baixas para crimes hediondos, muito duras para ladrões de galinha, quase nulas para colarinhos-brancos. Nesse contexto, o anúncio da sentença de 94 anos e seis meses de prisão a Eliana Tranchesi e seu irmão Antônio Carlos Piva de Albuquerque foi recebido tanto com indignação, em certos círculos, quanto com satisfação, em outros.

Eliana e Antônio Carlos são sócios da Daslu, a loja paulistana que se tornou símbolo do alto luxo no Brasil, e a condenação refere-se ao esquema montado pela empresa para burlar o Fisco na importação de produtos de marcas caras. Os indignados consideram a sentença exagerada em um país em que um assassino qualificado pode ficar apenas cinco anos preso em regime fechado, se for réu primário.

Os satisfeitos lembram que criminosos ricos e poderosos raramente são punidos e, portanto, é preciso dar o exemplo. Ao comentar a sentença, o procurador da República Matheus Baraldi Magnani, autor da denúncia, comemorou o fato de que, finalmente, a Justiça estava atingindo o que ele chamou de fidalgos.

"É preciso tomar cuidado com esses dois extremos", diz o jurista Luiz Flávio Gomes, de São Paulo. "Não é porque a Justiça é injusta para alguns que deve ser assim para todos." Na tarde de sexta-feira, um habeas corpus permitiu que Eliana fosse para casa, mas não afastou a possibilidade de sua volta à prisão.

Assim como ser pobre não é qualidade, ser rico não é um crime, ao contrário do que esperneiam os demagogos de credo esquerdista. A riqueza, no mundo capitalista moderno, é fruto de trabalho, ousadia e criatividade – e, como tal, produz emprego, consumo e outras oportunidades de negócios num ciclo virtuoso.

A Daslu parecia concentrar todos esses atributos, por mais que seus detratores a apontassem como um ícone da ostentação e da futilidade – que, aliás, estão entre os direitos garantidos a qualquer cidadão numa democracia.

A aura de esplendor e sucesso que a loja emanava começou a ser maculada em 13 de julho de 2005, quando Eliana passou dez horas na cadeia, em São Paulo. A prisão foi o primeiro desdobramento visível, com direito a holofotes, da Operação Narciso, deflagrada em conjunto pelo Ministério Público, Polícia e Receita Federal para desbaratar as fraudes promovidas pela empresa.

Fotos Leo Feltran
LUXO E OSTENTAÇÃO
Nas fotos, detalhes da Villa Daslu, a sede da butique. A construção ocupa 20 000 metros quadrados, onde convivem 333 marcas nacionais e internacionais, como Chanel, Prada e Louis Vuitton. Há uma champanheria, um restaurante e um espaço para festas

Na quinta-feira da semana passada, quase quatro anos depois, Eliana viu-se outra vez diante do braço armado da lei. Às 6 horas da manhã, três policiais federais bateram à porta de sua casa, no elegante bairro do Morumbi, com uma ordem de prisão nas mãos.

Atordoada, mas calma, Eliana acordou os filhos, Bernardino, o Dinho, de 23 anos, e Marcella, de 17: "Não quero ver nenhum dos dois chorando nem se desesperando", avisou.

Em seguida, telefonou para sua advogada, Joyce Roysen, e com a ajuda de Marcella preparou uma mala com mudas de roupa (que não tiveram utilidade; ela vestiu o uniforme da cadeia, camiseta e calça bege), artigos de higiene, Bíblia, caneta e bloco de anotações "para ter o que fazer lá" e uma bolsa térmica com seus medicamentos.

Demorou cerca de cinquenta minutos para se aprontar. Ainda conversou rapidamente com a cunhada Silvia, mulher de Antônio Carlos, que correu para a casa dela logo após levarem seu marido. Pronta, Eliana entrou no carro da polícia, sem algemas, foi conduzida ao Instituto Médico-Legal para exame de corpo de delito e, de lá, para a Penitenciária Feminina do Carandiru. Lá dentro, a poderosa Eliana, dona da internacionalmente conhecida Daslu, preparou-se para passar sua primeira – e até agora única – noite na cadeia.

A sentença de Eliana era esperada, e a ordem de prisão sempre foi uma possibilidade. Daí, provavelmente, a aparente tranquilidade com que ela rea-giu, sobretudo diante de seu estado de saúde.

Eliana descobriu em 2006 que tinha câncer de pulmão. Tratou-se, perdeu o cabelo e estava bem até novembro passado, quando começou a sentir fortes dores nas costas. Em janeiro, o diagnóstico: o câncer de pulmão está inativo, mas há metástase ativa na coluna lombossacral. O tumor é dos mais agressivos, e Eliana terá de fazer quimioterapia a cada três semanas por tempo indeterminado – a mais recente foi no sábado 21.

"Jantei com ela no domingo, e estava muito cansada e abatida", conta uma amiga. "Mas continuava trabalhando, principalmente em casa, porque não acha posição para sentar." Quem convive com Eliana diz que ela se mostra otimista, acredita na cura e comemora o fato de os novos medicamentos usados no tratamento não resultarem em queda de cabelo, como na primeira vez.

Seu médico, Sérgio Simon, divulgou um comunicado em que alertava para o estado de saúde delicado da sua cliente e recomendava que ela cumprisse prisão domiciliar, para poder ser atendida a contento. Segundo ele, "a paciente tem alto risco de infecção generalizada", necessita diariamente de "aplicação subcutânea de medicação e controle de exames de sangue" e ainda pode sofrer "crises de hipertensão e sangramento".

Na manhã da prisão, a injeção que Eliana precisa tomar todos os dias foi aplicada por seu ex-marido, o cardiologista Bernardino Tranchesi, quando ela ainda se encontrava no IML. Na sexta-feira, um enfermeiro do serviço domiciliar contratado por ela teve autorização para aplicar a injeção na cadeia e uma equipe de um dos melhores laboratórios de São Paulo pôde ir ao Carandiru colher sangue para exame.

Beto Barata/AE

O INÍCIO DE TUDO
Eliana (à esq.) e Antônio Carlos (à dir.) na saída da primeira prisão, em 2005

Como nesta fase da sentença não há recurso a prisão especial, Eliana ficou num espaço juntamente com outras detentas. Numa entrevista ao repórter Thiago Bronzatto, ela contou que "as pessoas aqui são muito humanas, solidárias, desprovidas de qualquer preconceito".

"Chamei duas companheiras de cela e fizemos orações por muito tempo", acrescentou. Mas Eliana dormiu sozinha numa cela de 9 metros quadrados, onde às 21h30 de quinta-feira foi instalado um colchão especial recomendado pelo médico.

Também recebeu frutas, livros, lençóis e toalhas. Na sexta-feira, almoçou a comida da prisão (arroz, feijão e frango). Na mesma entrevista, ela manifestou seu "inconformismo pela injustiça que estou vivendo e pela desproporção da pena". "Tenho a sensação de que o tempo parou enquanto a vida corre lá fora", comparou. E anunciou seu primeiro projeto em liberdade: "A evangelização em favelas onde o tráfico é intenso".

Na Daslu, com o mais recente imbróglio envolvendo seus donos, o movimento caiu na mesma proporção em que aumentaram as conversas em voz baixa entre funcionários. Desde janeiro, Dinho, formado em administração de empresas, é apresentado como o novo responsável pelo dia a dia da loja. Quem vem tocando os negócios, no entanto, é Donata Meirelles, diretora da Daslu e amicíssima de longa data de Eliana.

Os números oficiais da empresa mostram que, depois do baque da Operação Narciso, em julho de 2005, o faturamento anual da Daslu despencou de 240 milhões para 160 milhões de reais em 2006, quando os produtos importados sumiram de suas prateleiras. A Daslu começou a reagir no ano seguinte e floresceu no ano passado, em parte pela abertura de uma segunda loja, no Shopping Cidade Jardim.

Com a incorporadora que é dona do shopping, a JHSF, Eliana tinha planos de abrir mais uma série de lojas, inclusive em outras cidades. Paralelamente, em fevereiro do ano passado, ela cedeu à empresa de gerenciamento de shoppings BR Malls a administração de todos os cerca de setenta espaços independentes existentes dentro da sua loja (Dior, Rolex e Louis Vuitton, entre outros).

Pelo acordo, 80% da receita de aluguéis e serviços ficou com a BR Malls e 20% com a Daslu. Permaneceram sob o controle de Eliana e seu irmão os espaços da marca Daslu e de algumas grifes importadas.

Ainda não era como nos áureos tempos pré-julho de 2005, quando a Daslu era vista como fenômeno de sucesso no mercado de luxo e aparecia com destaque em reportagens das revistas americanas Vanity Fair e New Yorker. Mas era quase: neste último ano, Eliana recebeu no Brasil o estilista americano Tom Ford em maio e circulou com o amigo Valentino, ícone da moda italiana, no Rio Summer, em novembro. Com a crise econômica mundial, a Daslu sentiu o baque. Sua condenação não ajuda o caixa.

Bebeto Mattews/AP
DOIS MUNDOS
Daslu: de destaque na imprensa internacional à possibilidade de que sua dona tenha destino semelhante ao da bilionária americana Martha Stewart – a cadeia

A sentença da juíza federal Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara Criminal de Guarulhos, tem 478 páginas e detalha o funcionamento do esquema criminoso montado pela empresária, por seu irmão e outros cinco homens de confiança, que atuavam nas importadoras usadas pela Daslu para trazer produtos subfaturados do exterior.

Segundo a juíza, os crimes repetiam sempre o mesmo padrão. Eliana escolhia as peças de grifes internacionais que queria comprar. Seu irmão era o responsável por selecionar as empresas de fachada que usaria para trazer os produtos para o Brasil, sem declarar que estavam destinados à Daslu.

As importadoras escolhidas tinham em seu comando pessoas ligadas à loja. Rodrigo Nardy Figueiredo, dono da Todos os Santos, por exemplo, é filho de uma assessora de Eliana. Já a Multimport, em nome de Celso de Lima, ex-contador da Daslu, tinha 96% do seu faturamento vinculado à loja e sempre registrava prejuízo.

As grifes internacionais emitiam, no momento da exportação, uma nota fiscal verdadeira, em nome da Daslu ou da importadora. No Brasil, essa fatura era substituída por outra, falsificada, em nome da importadora e com um valor muito menor que o de mercado.

O documento falso era, então, apresentado na alfândega do Aeroporto de Cumbica para que, sobre ele, fossem calculados impostos de importação mais baixos. Dessa forma, uma calça da grife Marc Jacobs comprada por 150 dólares era declarada às autoridades brasileiras como se tivesse custado apenas 20 dólares. Esse procedimento rendeu aos sete envolvidos condenações pelos crimes de formação de quadrilha, descaminho (importação fraudulenta de produto lícito) e falsidade ideológica (por fazer constar nas faturas que a compradora das mercadorias era a importadora e não a butique).

A pena de quase um século de prisão, apesar de inusitada, não é absurda na matemática jurídica. Como os crimes foram cometidos ao longo de anos, a juíza considerou cada um deles independente e, portanto, merecedor de uma pena individual.

Os sete anos por descaminho, por exemplo, foram multiplicados por seis, o número de delitos desse tipo constatado pela investigação. Uma agravante foi que, mesmo após terem sido processados, em 2005, os donos da Daslu continuaram com a fraude.

A Receita Federal de Santa Catarina descobriu em janeiro do ano seguinte que a butique cometeu o mesmo crime de importação fraudulenta no Aeroporto de Navegantes, deixando de pagar 330 000 reais em impostos. O esquema da Daslu tinha um único objetivo: não recolher tributos.

Os processos administrativos pela sonegação ainda estão em andamento nas Receitas Federal e Estadual, mas já foi constatado um prejuízo de mais de 600 milhões de reais ao Erário. O procurador Magnani diz que o valor pode chegar a 1 bilhão de reais.

Terminada a investigação, o Ministério Público pode denunciar os envolvidos por mais um crime: o de sonegação fiscal. Ou seja, a pena final pode ser ainda maior. A condenação da semana passada refere-se apenas aos métodos usados pelos réus para sonegar.

Alvaro Teixeira
AMIGOS ESTILISTAS
Eliana com Valentino, em festa no Rio, e, com Donata Meirelles, recebendo Tom Ford em São Paulo

A advogada Joyce deverá contestar, no Tribunal Regional Federal (TRF), a maneira de calcular a duração e de estipular o regime da pena. Caso perca também o recurso no TRF, ela ainda poderá apelar ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.

Até o último julgamento no STF, o processo pode levar dez anos para ser concluído – e, mesmo que a punição de mais de 94 anos seja mantida, depois de dezesseis anos cumpridos em regime fechado (um sexto da pena), Eliana seria beneficiada com a progressão da pena para o regime semiaberto.

Em geral, no entanto, as instâncias superiores costumam diminuir bastante as punições estabelecidas pelos juízes de primeiro grau e até anulá-las. Se o julgamento dos sócios da Daslu seguir essa lógica, o que num primeiro momento parecia um exagero poderá ficar com cara de impunidade.

E Eliana não teria nem mesmo um momento Martha Stewart: dona de uma marca bilionária de produtos para casa, apresentadora de um celebrado programa de TV, a americana foi presa em 2004 por obstrução da Justiça num processo que apurava o uso de informação privilegiada na negociação de ações de uma empresa de biotecnologia cujo dono era seu amigo. Passou cinco meses na cadeia e saiu com tornozeleira de controle, que usou durante meses.

Com reportagem de Juliana Linhares e Raquel Salgado

AMERICANOS JÁ TÊM IMAGEM DO VIRUS DA AIDS

Para variar são mais uma vez os americanos o responsáveis foi um feito científico que poderá fazer avançar a pesquisa em busca da erradicação da AIDS.

Mas os estúpidos antiamericanos continuam a patinar na sua crítica idiota, qualificando os EUA de "império". Como lá elegeram um negro neófito em política para presidente da maior potência do planeta (com ou sem bolha subprime), aliviaram, na falta de um judas como Bush para ser malhado.

Mas são esses mesmos estúpidos que estão vivos pela graça dos medicamentos, aparelhamentos médicos e novas técnicas cirúrgicas descobertas pelos cientistas nos laboratórios americanos.

Ave, Estados Unidos, apesar de Hussein Obama.

SENADO: A FARRA É DELES. A CONTA É NOSSA.

O Senado foi dominado por uma máquina que trabalha continuamente para burlar as leis em benefício próprio.O resultado é uma estrutura perdulária e improdutiva. Aqui a parte inicial da reportagem de Veja que foi às bancas neste sábado. É de arrepiar. O título do post é o mesmo da reportagem da revista.

Otávio Cabral e Alexandre Oltramari

Montagem sobre fotos de Paulo Fridman/Corbis/Latinstock e Ana Araújo
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Salário médio de 18 000 reais; horário de trabalho flexível, que permite dar expediente em casa ou em qualquer outro lugar do país; plano de saúde com reembolso integral de despesas; pagamento de horas extras nas férias; gratificações por tempo de serviço; gratificações por funções exercidas; gratificações por funções não exercidas; possibilidade de ascensão na carreira por mérito; possibilidade de ascensão na carreira por demérito; aposentadoria integral; pensão familiar vitalícia em caso de morte; estabilidade no emprego.

É imenso o rol de possibilidades de 7 000 servidores do Senado Federal, em Brasília.

Nos últimos meses, revelou-se que a parte mais nobre do Parlamento funciona nos moldes de um sultanato, em que tudo pode – inclusive infringir leis, desde que em benefício dos senadores e dos próprios funcionários. Nepotismo é proibido.

No Senado, há parentes de servidores espalhados em várias repartições. O maior salário da República, 24 500 reais, deve ser obrigatoriamente o de um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Há pelo menos 700 pessoas no Senado, segundo levantamentos oficiais, recebendo acima desse limite. Sem fiscalização e funcionando de maneira autônoma, o Senado é administrado como se fosse uma confraria – uma confraria com o meu, o seu, o nosso dinheiro.

Dida Sampaio/AE
FANTASMA
O senador Mão Santa tem um diretor do Senado lotado em seu gabinete, mas ele mora no Piauí e recebe sem trabalhar

Em uma década, o orçamento do Senado saltou de 882 milhões de reais para 2,7 bilhões neste ano. É, disparado, a casa parlamentar mais cara para os brasileiros.

Cada um dos 81 senadores consome 33,8 milhões de reais por ano. É cinco vezes o custo de um deputado federal em Brasília. Nada menos que 2,2 bilhões de reais, ou 80% de seu orçamento anual, são gastos com pagamento de salários.

No total, o Senado tem 9 677 servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas. Há ainda os servidores terceirizados, cujo número exato o próprio Senado até hoje alega desconhecer, mas que pode passar de 2 000. Muito dinheiro, pouca luz e uma boa dose de desapego moral criam o substrato perfeito para todo tipo de malandragem. E ela tem eclodido como praga.

Há casos de senador usando funcionários e a estrutura da Casa para fins pessoais e de funcionário usando apartamento de senador para abrigar parente. Casos de nepotismo, irregularidade em contratos, existência de servidores fantasmas. Histórias que deixam evidente a simbiose entre parlamentares e o corpo administrativo do Senado para o simples bem-estar de ambos. E não há santos.

O senador Mão Santa, do PMDB do Piauí, tem um servidor lotado em seu gabinete, Aricelso Lopes, que exerce função de "coordenador de atividade policial" do Senado. Com direito a broche azul de "autoridade", uma relíquia que dá acesso a várias benesses, o diretor deveria cuidar da segurança dos parlamentares, entre outras coisas.

Mas ele nunca foi visto nem no gabinete de Mão Santa, onde é lotado, nem na Polícia Legislativa, em que ocupa a prestigiosa função de diretor. Na semana passada, VEJA visitou a sala dos seguranças e perguntou pelo tal chefe. "Ari o quê?", indagou o primeiro funcionário. "Acho que ele está no Piauí", disse um segundo.

O terceiro reconheceu: "Faz no mínimo dois anos que ele não aparece aqui", informou Rauf de Andrade, chefe de gabinete da polícia do Senado. Aricelso, ao que tudo indica, é um fantasma. O gabinete de Mão Santa disse que ele foi contratado para capturar um pistoleiro que ameaçava o senador.

Folha Imagem
MUITO FEIO
O senador Wellington Salgado emprega um dirigente da CBF no Senado. O "assessor" só trabalha de vez em quando. O senador nem se importa: "Ele é muito feio"
O diretor caçador de bandido é um bom exemplo de como funciona a irmandade de interesses entre senadores e funcionários.

Em 1995, havia no Senado sete secretarias e trinta subsecretarias, órgãos cujos titulares têm status de diretor, acumulando aos salários gratificações que variam de 3 200 a 4 800 reais.

Em catorze anos, o número cresceu para 181. Para atender aos reclames financeiros dos servidores, os parlamentares autorizaram uma série de nomeações esdrúxulas, como diretores de check-in, de garagem e de clipping. A moda pegou e diretorias passaram a ser criadas para toda sorte de necessidades e interesses.

Em 2001, um senador foi flagrado pela esposa em seu gabinete com uma funcionária do Senado, casada com outro servidor da Casa. Confusão pesada. Para evitar um escândalo, a mulher foi afastada do Senado. Para o marido traído foi então criada uma diretoria. (Assinante lê MAIS)

DIOGO MAINARDI: O elogio do atraso

Aqui a íntegra da coluna do Diogo Mainardi, da revista Veja que foi às bancas neste sábado:

O elogio do atraso. Quanto mais atrasado, melhor. Há algumas semanas, a revista The Economist analisou o atual estado da economia brasileira. Nossa maior glória, de acordo com a reportagem, foi ter permanecido lá atrás.

No estatismo. No assistencialismo. No empreguismo. Na agiotagem. Nas negociatas patrimonialistas do BNDES. Agora tudo isso poderá nos proteger do rombo da economia mundial, causado por aquela "gente branca, loira e de olhos azuis", segundo Lula.

A reportagem da The Economist é ilustrada com a imagem de um homem de bermuda, tirando uma soneca num muro de pedra, diante de uma igreja. Os historiadores sempre associaram nosso atraso ao catolicismo ibérico.

Como nosso trunfo é o atraso, a gente tem de ir mais à igreja. A gente tem de resgatar o Tribunal do Santo Ofício. A gente tem de dormir mais. Nosso lugar, como o de Macunaíma, é numa aldeia à margem do Uraricoera.

The Economist recuperou o mito modernista do herói indolente e sem caráter, celebrando Mário de Andrade com oitenta anos de atraso. Quanto mais atrasado, melhor. Especialmente no caso de Mário de Andrade.

Coreia, Coreia, Coreia. Nos últimos anos, aconselharam-nos sem parar a imitar a Coreia. Que pegou um monte de dinheiro e o despejou todinho na escola. O único caminho para o progresso, repetia-se tediosamente, era o estudo.

Os coreanos fizeram isso mesmo: estudaram. Deu certo por algum tempo. Até a economia mundial desabar. Quando desabou, a da Coreia desabou mais ainda. E o modelo brasileiro, baseado no torpor físico e moral, passou a ser comemorado nas páginas da The Economist.

Quem mandou estudar tanto? A Coreia, hoje, tem uma indústria de ponta que compete com a dos países mais ricos, com produtos que ninguém se interessa em comprar. A gente, muito mais folgadamente, recolhe farelo de soja e minério de ferro e sai arrecadando uns trocados por aí. Conselho: estude menos e durma mais.

Há outras áreas em que o imobilismo e o atraso podem nos beneficiar. Neste período de empobrecimento generalizado, em que há maior chance de tumulto social, ter um povo domesticado e acovardado, como o nosso, representa uma grande vantagem.

Outra área da qual temos de tirar proveito é o ambiente. Os Estados Unidos se preparam para torrar 150 bilhões de dólares em energia limpa e ineficaz, num prazo de dez anos. Ao mesmo tempo, planejam aumentar todos os impostos sobre as fontes de energia mais poluentes e eficazes.

Nós, por outro lado, continuaremos a produzir como sempre fizemos, de maneira porca e barata: ateando fogo no mato e soltando o gado.

Daqui a dez anos, se a economia mundial continuar a se atrofiar, estaremos ainda melhor, colhendo os frutos de nosso atraso.

The Economist dedicará mais uma página ao Brasil, numa reportagem altamente elogiosa a respeito de nossas queimadas, ilustrada com a imagem de um homem de bermuda, tirando uma soneca num muro de pedra, diante de uma igreja. E com enfisema pulmonar.

A música, como arte, atualiza sempre o passado

Na Veja desta semana me chamou a atenção a bem escrita e perfeita, resenha do livro O resto, é ruído. Um inventário crítico a respeito da música do século XX, que transcrevo na íntegra após esta crônica. Trata-se, portanto de um post longo que suponho sucite interesse apenas de quem gosta de música ou seja como eu um curioso incorrigível.

Gosto muito de música e exerci quase a profissão de músico quando garotão. Ainda possuo a minha guitarra Giannini, ano 1964, tenho um bom violão clássico Di Giorgio estilo Tárrega e um piano Fritz Dobert.


Praticamente abandonei por quase três décadas a prática musical e durante esse tempo dedilhei, muito esporadicamente, o violão e o piano.

Recentemente decidi voltar a ensaiar guitarra e violão e inclusive estou pegando umas aulas com o exímio jazzista aqui da Ilha, o guitarrista e professor de música Cássio Moura, que possui o seu estúdio e gravadora na Lagoa da Conceição.


Uma manutenção na guitarra deixou-a inteirinha, tudo original. Apenas a troca de trastes e um potenciômetro se fez necessário. Comprei um novo cabo e mini cubo (pequeno amplificador) e já estou no batente. E todos querem ver de perto a guitarra pela raridade e mais ainda porque funciona pefeitamente.

Além disso, ouço música todos os dias e a internet foi uma bênção para mim, que posso ouvir, baixar, obter letras cifradas, etc...num clique. Isto é algo notável e jamais imaginado no passado.

E às vezes, duas palavras sobre música com um expert abrem para a gente outro horizonte.


Foi o caso do meu contato com o Maestro mineiro Sérgio Canedo, do qual recebi uma cópia de um raro CD de Gyorgy Ligeti, o famoso compositor húngaro que teve uma de suas músicas utilizadas como trilha para filme 2001: Uma odisséia no espaço, que assisti em São Paulo logo na sua estréia no Brasil, lá por volta de 1970! Arre! Era apenas um garotão e simplesmente ignorava Ligeti, como ignorava a atonalidade. Estava nessa época ouvindo muito rock dos Beatles, bossa nova e jazz, gêneros dos quais continuo gostando, principalmente do jazz e da bossa nova.

Canedo, muito educado, com aquela sua calma mineira, disse apenas - ainda me lembro - que aquele CD era para ser ouvido com calma e atenção, em várias oportunidades.


Depois fui para a internet e descobri vários vídeos com execuções das músicas de Ligeti, inclusive pesquisei mais, li um resumo de sua biografia que me fez chegar até os fractais de Mandelbrot, já que Ligeti havia se interessado pela obra de Mandelbrot. Em certo sentido acho que entendi por que Ligeti se amarrou nos fractais.

Como o dia tem apenas 24 horas, sendo que dessas a gente tem que reservar umas 7 ou 8 para dormir, nem uma severa racionalização das cerca de 16 horas restantes são suficientes para o trabalho e a pesquisa das coisas que me interessam.


Pelo menos no meu caso, já que me interesso por diversas coisas ao mesmo tempo, que vão da música à sociologia, filosofia, arte, política, direito, ciência, tecnologia e me vejo o tempo todo imerso num torvelinho sem fim de curiosidade insaciável sem limite.

Mas a minha grande paixão é e sempre foi a música e não me contento em apenas ouvi-la, tenho executá-la, vencer o desafio de encontrar uma harmonia bonita, redondinha, cheia de acordes dissonantes, arriscar um improviso. Quando pego o instrumento não dá vontade de largar, embora esteja fora de forma e retornando aos poucos.

Isto é bom e, ao mesmo tempo, é ruim. Tanto é que iria escrever uma nova introdutória para a resenha de Veja, e acabei escrevendo uma crônica a respeito de mim mesmo (ou é eu mesmo?) corrijam-me, por favor. Mas de alguma forma vou revelando aos leitores o que eu faço, penso e gosto.


Isto é possível por causa de internet que nos aproxima e o blog é um espaço intimista, muito coloquial, algo que só quem assimilou essa tecnologia é capaz de experimentar.

Não sei se sou capaz, outra vez, de praticar o antigo jornalismo que se faz hoje ainda através das mídias convencionais.

Voltando à questão do livro resenhado em Veja, que versa sobre a música erudita e seu desdobramento no século XX com as fantásticas experiências dodecafônicas, esclareço que não sou iniciado nessa área, mas aprecio, como aprecio também a música minimalista, enfim todos esses experimentos e criações da aventura humana.


O diabo é que o dia tem apenas 24 horas, quando deveria ter pelo menos umas 90, como diz o meu amigo e parceiro musical de juventude, o Zenóbio Tomio.

Para dar uma idéia aos interessados em música, estou postando dois vídeos. São duas músicas de Ligeti: uma é Artikulation, que a resenha de Veja fala e apresenta uma foto do trabalho gráfico em cima da música. O outro vídeo é a fabulosa execução ao piano da estranha e instigante música criada por Ligeti, que se chama “Escada do Diabo”, que exige do instrumentista o domínio de uma escala muito louca. Vale a pena ver esses vídeos.

Blog também é cultura...hehehe...e assim a gente vai aprendendo e descobrindo as coisas que estão aí a comprovar a nossa monumental ignorância.


A música tem o poder de atualizar o passado, levando-se em consideração o conceito que criei para a arte, assim formulado: a arte é um coágulo de emoção. Desta forma a obra de arte é intertemporal, por isso, sempre atual, se for arte e não apenas um jeito tosco de arranjar as sete notas, no caso da arte musical.

A seguir a resenha de Veja:

Música
100 anos de dissonância

O Resto É Ruído, do jornalista americano Alex Ross,
traça a grande aventura da música erudita no século XX

Sérgio Martins


Fotos divulgação
MÚSICA PARA OS OLHOS
Uma das páginas da partitura visual que, em 1970, o musicólogo alemão Rainer Wehinger produziu para a obra Artikulation (1958), de György Ligeti
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Quadro: Para entender a música do século XX
Exclusivo on-line
Trechos do livro e das músicas

De todas as grandes manifestações artísticas do século XX, a música erudita se provou a mais difícil e hostil ao homem comum.

Ao abandonarem as regras da harmonia e abraçarem a dissonância e o ruído, seus praticantes mais extremos não afrontaram apenas convenções culturais vigentes havia séculos, mas também a própria biologia: o ouvido humano é um órgão programado para interpretar como agressão e aspereza tudo o que fuja a uma certa zona de conforto.

Por isso, mais ainda do que apreciar poemas ou pinturas vanguardistas, ouvir a música de Arnold Schoenberg, Pierre Boulez ou John Adams, para citar compositores nascidos em diferentes décadas e países, é um hábito que só se adquire com algum esforço. O Resto É Ruído (Companhia das Letras; tradução de Claudio Carina e Ivan Weisz Kuck; 646 páginas; 64 reais), do jornalista americano Alex Ross, certamente não converterá as massas à música dodecafônica ou minimalista.

Mas, ao desvendar os segredos técnicos das grandes composições e retratar dezenas de artistas contra um pano de fundo de guerras, ditaduras e agitação social, este belo livro tem um mérito indiscutível: transforma a história da música no século XX numa grande aventura.

O Resto É Ruído começa em 1906, com a apresentação da ópera Salomé, do compositor alemão Richard Strauss, na cidade austríaca de Graz. Termina com uma visita ao americano John Adams em 2000, enquanto ele trabalha na composição do oratório El Niño. Na visão de Ross, são dois momentos emblemáticos.

Strauss, que começou a carreira como autor romântico, decretou o fim desse movimento ao apresentar aquela obra surpreendente, marcada pela cacofonia. Gustav Mahler e Arnold Schoenberg assistiram à récita de Graz. Para Ross, a presença deles é também ela uma tradução simbólica da guinada precipitada por Salomé.

Mahler, assim como Strauss, era representante do romantismo e das sinfonias formais – o passado que ali se encerrava, enfim. Schoenberg, por seu turno, viria a ser o novo – o atonalismo, para o qual o empurraram tanto a ópera de Strauss como a morte de seu professor Mahler, em 1911.

No outro extremo, situado mais de nove décadas após aquele instante catalisador, está o americano Adams, o maior compositor de sua geração, por ser uma espécie de síntese viva dessa longa trajetória: o artista que combinou o formato sinfônico com a música minimalista.

OUVIDOS ATENTOS
Alex Ross: explicações precisas, mas sem abuso de termos técnicos

Se existe um aspecto em O Resto É Ruído que pode ser definido como brilhante é a forma pela qual Ross mostra como a arte tantas vezes serviu a propósitos políticos. Richard Strauss, que aderiu ao nazismo porque Adolf Hitler supostamente era admirador de suas obras, virou um joguete. Ao final da guerra, alegou que sua adesão ao Partido Nazista fora um estratagema para proteger sua nora judia.

Os russos Sergei Prokofiev e Dmitri Shostakovich viveram momentos de terror sob o jugo do ditador soviético Josef Stalin, que detestava o atonalismo por ser uma suposta expressão da "decadente" arte ocidental. As composições de Prokofiev eram criticadas pelo Partido Comunista, e Shostakovich irritou o ditador com a ópera Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk.

Para escapar do exílio ou mesmo da execução, teve de se retratar criando exaltações ao regime soviético – as "sinfonias da guerra", da Quarta à Nona. Curiosa também é a cooptação da obra do americano Aaron Copland pelo governo do presidente Franklin Delano Roosevelt: durante a depressão econômica que abalou os Estados Unidos nos anos 30, o esquerdista e crítico severo do estilo de vida americano Copland se tornou o símbolo dos valores nacionais em razão de obras alvissareiras como Appalachian Spring.

Os trabalhos desses autores e sua adesão – ainda que forçada – a regimes e governos diversos ajudaram, no pós-guerra, a manter vivo o espírito da vanguarda. Numa inversão curiosa, foi a música convencional que se tornou moralmente duvidosa.

Theodor Adorno, uma das autoridades intelectuais do século XX, pregava que uma composição que preservasse a tonalidade traía uma mente fascista. Os artistas da geração que despontou nos anos 50 e 60, entre os quais se destacam John Cage, Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen, fariam o que Ross definiu como "arte da destruição".

São obras iconoclastas – há desde um quarteto para helicópteros até uma peça em que o pianista não toca nada e espera pela reação da plateia –, mas também, com frequência, de concepção um tanto árida, que exige muito boa vontade por parte do ouvinte.

Outro acerto de Ross é demonstrar a influência, muitas vezes insuspeita, da música erudita contemporânea sobre a composição popular do século XX. O mesmo atonalismo que afugentou a plateia das salas de concerto encontrou guarida no cinema. Stanley Kubrick fez uso das composições do húngaro György Ligeti em 2001 – Uma Odisseia no Espaço e De Olhos Bem Fechados, enquanto os acordes sinistros do polonês Krzysztof Penderecki assinalam os momentos mais aterrorizantes de O Exorcista.

O jazz se apoiou tanto nas melodias formais quanto nas dissonâncias da música contemporânea. A abertura de A Love Supreme, obra-prima do saxofonista John Coltrane, foi influenciada pelas sinfonias do finlandês Jean Sibelius.

O rock bebeu da fonte da vanguarda e do minimalismo. Ross conta que Ligeti ficou surpreso ao escutar uma nova composição de Stockhausen – na verdade, estava ouvindo A Day in the Life, dos Beatles, que utilizaram a técnica de colagens do autor alemão. A cantora Björk e o quinteto inglês Radiohead abraçaram as experimentações de Stockhausen, de Arvo Pärt e de Penderecki.

Em O Resto É Ruído, Ross reconstitui cenas fundamentais da música do século XX com tanta riqueza de detalhes que se tem a impressão de estar presente no momento em que elas aconteceram. Ler sobre a estreia de Salomé ou a Conferência Científica e Cultural para a Paz no Mundo, que ocorreu nos Estados Unidos em 1949 (na qual uma multidão cercou o compositor Shostakovich e exigiu sua deserção), não é apenas saber o que aconteceu naqueles locais. É também perceber a excitação que marcou tais momentos.

E, quando descreve uma obra musical, Ross evita abusar de termos técnicos. Mostra o detalhe e a função de cada instrumento, e passa ao leitor a impressão de estar ouvindo a obra in loco.

O Resto É Ruído é básico para quem deseja entender o que instigou os artistas do século passado a criar composições tão estranhas para o ouvido humano – e mais ainda para compreender como a música, qualquer que seja ela, é algo vivo, que responde não só às aspirações de seus autores, mas ao tempo e ao lugar em que eles existem