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quinta-feira, junho 20, 2013

A LUCIDEZ CONTRA AS ONDAS DE BOÇALIDADE: BRINCANDO DE REVOLUÇÃO.

Embora já esteja circulando intensamente pelas redes sociais, principalmente depois que o Reinaldo Azevedo postou em seu blog, decidi também transcrever aqui o excelente artigo do economista Rodrigo Constantino. O título original do artigo é “Brincando de Revolução”, enquanto o post de Reinaldo fulmina: “A lucidez contra as ondas de boçalidade”. Resolvi juntar os dois no título que abre este post.
Realmente o artigo de Rodrigo Constantino é de extrema lucidez. Portanto vale compartilhar pelo Facebook, Twitter, email, enfim, por todas as redes sociais.
De tudo que se escreveu nos últimos dias a respeito da onda de protesto que varre o Brasil o artigo de Rodrigo Constantino conseguiu expressar de forma eloquente e muito bem fundamentada as procedentes preocupações que devem ocupar o pensamento dos cidadãos verdadeiramente responsáveis.
Leiam que vale a pena:
BRINCANDO DE REVOLUÇÃO
Por Rodrigo Constantino
“A raiva e o delírio destroem em uma hora mais coisas do que a prudência, o conselho, a previsão não poderiam construir em um século.” (Edmund Burke)
Não vou sucumbir à pressão das massas. É claro que eu posso estar enganado em minha análise cética sobre as manifestações, mas se eu mudar de idéia – o que não só não ocorreu ainda, como parece mais improvável agora – será por reflexões serenas na calma de minha mente, e não pelo “linchamento” das redes sociais.
Ao contrário de muitos, eu não vejo nada de “lindo” em cem mil pessoas se aglomerando nas ruas. Tal imagem me remete aos delicados anos 60, que foram resumidos por Roberto Campos da seguinte forma: “É sumamente melancólico - porém não irrealista - admitir-se que no albor dos anos 60 este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: ‘anos de chumbo’ ou ‘rios de sangue’...”
Eu confesso aos leitores: tenho medo da turba! Eu tenho medo de qualquer movimento de massas, pois massas perdem facilmente o controle. Em clima de revolta difusa, sem demandas específicas (ao contrário de “Fora Collor” ou “Diretas Já”), o ambiente é fértil para aventureiros de plantão. Um Mussolini – ou um juiz de toga preta salvador da Pátria – pode surgir para ser coroado imperador pelas massas.
Alguns celebram a ausência de liderança, se é mesmo esse o caso. Cuidado com aquilo que desejam: sem lideranças, há um vácuo que logo será preenchido. As massas vão como bóias à deriva. E sem rumo definido, não chegaremos a lugar algum desejado. Disse Gustave Le Bon sobre a psicologia das massas:
Uma massa é como um selvagem; não está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das massas. No caso de tudo pertencer ao campo dos sentimentos, o mais eminente dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Eles não podem nunca realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Em massas, é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de responsabilidade que sempre controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto.
Muito me comove a esperança de alguns liberais que pensam que o povo despertou e que será possível guiá-lo na direção do liberalismo. Não vejo isso nos protestos, nas declarações, nos gritos de revolta. Vejo uma gente indignada – e cheia de razão para tanto – mas sem compreender as causas disso, sem saber os remédios para nossos males. Que tipo de proposta decente e viável pode resultar disso?
Estamos lidando aqui com a especialidade número um das esquerdas radicais, que é incitar as massas. Assim como a década de 60 no Brasil, tivemos o famoso e lamentável Maio de 68 na França, quando apenas Raymond Aron e mais meia dúzia de seres pensantes temiam os efeitos daquela febre juvenil. A Revolução Francesa, a Revolução Bolchevique, é muito raro sair algo bom desse tipo de movimento de massas. Os instintos mais primitivos tomam conta da festa. Por isso acho importante resgatar alguns alertas de Edmund Burke em suasReflexões sobre a Revolução em França, a precursora desses movimentos descontrolados.
Não ignoro nem os erros, nem os defeitos do governo que foi deposto na França e nem a minha natureza nem a política me levam a fazer um inventário daquilo que é um objeto natural e justo de censura. [...] Será verdadeiro, entretanto, que o governo da França estava em uma situação que não era possível fazer-se nenhuma reforma, a tal ponto que se tornou necessário destruir imediatamente todo o edifício e fazer tábua rasa do passado, pondo no seu lugar uma construção teórica nunca antes experimentada?
Não se curaria o mal se fosse decidido que não haveria mais nem monarcas, nem ministros de Estado, nem sacerdotes, nem intérpretes da lei, nem oficiais-generais, nem assembléias gerais. Os nomes podem ser mudados, mas a essência ficará sob uma forma ou outra. Não importa em que mãos ela esteja ou sob qual forma ela é denominada, mas haverá sempre na sociedade uma certa proporção de autoridade. Os homens sábios aplicarão seus remédios aos vícios e não aos nomes, às causas permanentes do mal e não aos organismos efêmeros por meios dos quais elas agem ou às formas passageiras que adotam.
Se chegam à conclusão de que os velhos governos estão falidos, usados e sem recursos e que não têm mais vigor para desempenhar seus desígnios, eles procuram aqueles que têm mais energia, e essa energia não virá de recursos novos, mas do desprezo pela justiça. As revoluções são favoráveis aos confiscos, e é impossível saber sob que nomes odiosos os próximos confiscos serão autorizados.
A sabedoria não é o censor mais severo da loucura. São as loucuras rivais que fazem as mais terríveis guerras e retiram das suas vantagens as conseqüências mais cruéis todas as vezes que elas conseguem levar o vulgar sem moderação a tomar partido nas suas brigas.
São importantes alertas feitos pelo “pai” do conservadorismo. Ele estava certo quanto aos rumos daquela revolução, que foi alimentada pela revolta difusa, pela inveja, pelo ódio. Oportunistas ou fanáticos messiânicos se apropriaram do movimento e começaram a degolar todo mundo em volta. Se a revolução é contra “tudo que está aí”, então quem é contra ela é a favor de “tudo que está aí”. Cria-se um clima de vingança, revanchismo, que é sempre muito perigoso. As partes íntimas da rainha morta foram espalhadas pelos locais públicos, eis a imagem que fica de uma turba ensandecida.
O PT tem alimentado há décadas um racha na sociedade brasileira. Desde os tempos de oposição, e depois enquanto governo (mas sempre no palanque dos demagogos e agitadores das massas), a esquerda soube apenas espalhar ódio entre diferentes grupos, segregar indivíduos com base em abstrações coletivistas, jogar uns contra os outros. Temos agora uma sociedade indignada, mas sem saber direito para onde apontar suas armas. Cansada da política, dos partidos, do Congresso, dos abusos do poder, as pessoas saem às ruas com a sensação de que é preciso “fazer algo”, mas não sabe ao certo o que ou como fazer.
E isso porque o cenário econômico começou a piorar. Imagina quando a bolha de crédito fomentada pelo governo estourar, ou se a China embicar de vez. Imagina se nossa taxa de desemprego começar a subir aceleradamente. É um cenário assustador. Alguns pensam que nada pode ser pior do que o PT, e eu quase concordo. Mas pode sim! Pode ter um PSOL messiânico, um personalismo de algum salvador da Pátria, uma junta militar tendo que reagir e assumir o poder para controlar a situação. Não desejamos nada disso! Temos que retirar o PT do poder pelas vias legais, pelas urnas, respeitando-se a ordem social e o estado de direito.
O desafio homérico de todos que não deixaram as emoções tomarem conta da razão é justamente canalizar essa revolta para algo construtivo. Mas como? Como dialogar com argumentos quando cem mil tomam as ruas e sofrem o contágio da psicologia das massas? Alguém já tentou conversar com uma torcida revoltada em um estádio de futebol? Boa sorte!
Por ser cético quanto a essa possibilidade, eu tenho mantido minha cautela e afastamento dessas manifestações. Muita gente acha que o Brasil, terra do pacato cidadão que só quer saber de carnaval, novela e futebol, precisa até mesmo de uma guerra civil para acordar. Temo que não gostem nada do gigante que vai despertar. Ele pode fazer com que essa gente morra de saudades do "homem cordial". Não se brinca impunemente de revolução. Pensem nisso, enquanto há tempo. Do blog do Rodrigo Constantino

15 comentários:

Anônimo disse...

O ilustre Constantino citou o "sociólogo" Gustave Le Bom, sobre as massas, mas esse "sociólogo" (que viveu no século XIX), foi um antiocidental e bajulador da cultura islâmica, que hoje assola a Europa, a Índia, a África e os EUA. Outro fato é ter dito temer o levante de uma junta militar. Eu não tenho o temor disso, ao contrário, apoiaria e ingressaria em suas fileiras. Ou alguém acha que se consiguirá tirar o PT pela via democrática?! Ou que os esquerdistas não querem uma ditadura de esquerda, tal qual aconteceu e acontece em alguns países comunistas?!
Estamos caminhando para uma outra ditadura e se é par ser assim, que seja de direita ou extrema-direita e ainda mais rígida do que outrora.

Eduardo

Anônimo disse...

O artigo do Rodrigo é de uma lucidez tremenda. Existe um risco, pequeno na minha opinião, de que a coisa se transforme em algo muito pior do que vivemos hoje. O que não podemos ignorar é o ódio e a raiva que estão contidas dentro de cada cidadão brasileiro, que tem que pagar impostos absurdos e tem retorno zero em serviços. Além do mais que está depredando e saqueando o estado brasileiro é esta corja que está no poder, e não é uma semana, são 10 anos!

Anônimo disse...

Aluizio, não sei se Rodrigo Constatino tem razão, mas o fato é que os protestos fizeram as pesssoas acordarem, tanto que, um grupo foi protestar na frente do apartamento de Lula !
(Cerca de 600 pessoas protestam neste momento em frente ao prédio onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um apartamento em São Bernardo do Campo, no Grande ABC. O imóvel fica na Avenida Francisco Prestes Maia).

VER O BANDIDO PASSAR SUFOCO NA SUA CASA NÃO TEM PREÇO !

Anônimo disse...

Quem está protestando contra o PT nesse agito do "samba do crioulo doido" é a escumalha fantoche sem rumo ou são esquerdistas ainda mais radicais. As manifestações pululam de militantes do PSOL, PCdoB e anárquicos de todas as matizes. Estes não querem democracia participativa e sim a ditadura do proletariado, que o PT ainda não conseguiu concretizar.

Intolerante disse...

Incrível! O Rodrigo Constantino, o liberal, deu uma guinada conservadora, citando até Burke. Deve ser efeito dos seguidos esporros que o Olavo de Carvalho tem aplicado nele. Pelo jeito o cara acordou.

Anônimo disse...

O PT deve ser tirado do poder sim, a todo custo!

Nunca conseguiremos pelo voto enquanto o PT estiver no controle!

HD disse...

Todos os conservadores serão sempre conservadores. No momento em que uma mudança começa a ocorrer passam a defender até mesmo aquilo que sempre quiseram mudar, porque o lema máximo do conservadorismo é: "Deixem tudo como está que como está eu conheço, mas como pode ficar eu não conheço".
É por isso que agora os conservadores estão tendendo a se unir para manter o PT no poder, porque o PT já é um velho conhecido e o que pode vir é um novo desconhecido.

Anônimo disse...

Tem petista comemorando a situação, mas eles estão se enganando.
Pois ontem ocorreram manifestações em São Bernardo do Campo, com verdadeiras batalhas campais, isto é um fato relevante, pois a região é berço do PT.
Sinal de que nem na terra do Lula, a população está satisfeita com a gestão petista.
Detalhe, o atual prefeito da cidade é do PT.

Anônimo disse...

Ocasionalmente eu me torturo lendo trechos de alguns blogs PTistas (que se dizem apartidários). O fato é que, independente do autor do blog, ou do seu nível "intelectual", a tônica é sempre a mesma: criticar qualquer tipo de manifestação que não tenha vindo do PT. Só que as críticas NUNCA falam sobre conteúdo, mas sempre tentam depreciar a forma das manifestações. Ex,"protesto no facebook não tem valor. É coisa de colonizados", "a crítica veio do jornal defendeu a ditadura" e etc. Senti a mesma tendencia no texto acima. A minha pergunta (sincera) é: como é que tais cronistas ou blogueiros sugerem que se tente mudar o Brasil??? Menos críticas, mais soluções!!!

Renan disse...

ADERIR A MOVIMENTOS REIVINDICATORIOS AVULSOS DÁ EM NADA!...
Diz-se que o brasileiro só reage quando lhe mexe nos bolsos, parecendo-me que as manifestações têem-nO a ver por elas abordarem apenas questões financeiras - também quero um pedaço a mais - pareceriam pagãos, não cristãos por em nada associarem a fé sob as bandeiras das manifestações, como reivindicar educação pelos pais, total privacidade econômica, exigir respeito à fé católica ou mesmo dos evangélicos, que o Estado seja laico, não como atualmente ateu-militante, querendo impor o POLITICAMENTE CORRETO do aborto, do gayzismo, da pedofilia, etc., ou não interfira na vida do cidadão permitindo sua livre iniciativa particular e nada estatizante.
Também: se aderir a algum movimento, saiba quais seus reais objetivos, se defende as mesmas similares às teorias do PT, para não se tornar massa de manobra de marxistas - ELES ESTÃO CAMUFLADOS - daí, sair do PT 13 e cair noutro 12 + 1!
Quanto aos cidadãos, jamais procederem como no momento: tudo sob a bandeira do materialismo e dos cifrões, como se fora isso o essencial, pois se assim procederem o resultado já é sabido: nenhum, apenas mais confusões!

Aluizio Amorim disse...

Renan,
há uma década o PT está no poder e governa como se Lula e Dilma fossem imperadores. A maioria dos brasileiros os apóiam, elegeram o Lula duas vezes e a Dilma em seguida. Encheram o Congresso com o baixo clero da política parlamentar reforçando uma política estatizante que vem consumindo todos os recursos e que mantém o PT no poder. Entretanto ninguém pintou a cara para exigir o Impeachment de Lula quando descobriu-se o mensalão.
Estes dados que listei são reais. Pelo que se viu até agora a pauta esses movimentos seguem a risca as propostas estatizantes, isto é, comunistas.
Havia na manifestação de Florianópolis nesta noite uma faixa exigindo Reforma Política Já.
Escrevi aqui no blog sobre o que representa a tal Reforma Política. Não passa de mais um tramoia do PT para se eternizar no poder a partir de uma Constituinte de estilo venezuelano.
Olha, com todo respeito que tenho pelas pessoas de boas intenções que provavelmente estão embarcando nessa canoa, não sabem o que fazem.
Por enquanto são 'massa de manobra" da agitação comunista. Esta é a verdade irrefutável.
Infelizmente as pessoas são muito mal informadas. Não sabem nada. Infelizmente.
Os brasileiros são useiros e vezeiros em marchar na contra-mão daquilo que é objetivamente certo.
Por enquanto concordo totalmente com aquilo que foi enunciado neste artigo do Rodrigo Constantino.
Mesmo assim agradeço o seu comentário e o seu interesse em debater. Já é um alento. Demonstra que você está preocupado. Eu também.
Abraço.

Renan disse...

Quanto à questão de esquemas estatizantes das manifestações, v tem toda razão: o povo, sem querer ajuda o estilo mais estatizante, quer que ele seja o deus-Estado mais pródigo, provedor de tudo e de todos, e nós cá em baixo aguardando a mamadeira da babá Estado, sempre quentinha e na hora certa...
Dessa forma, reforça-lhes as ações pró totalitarismo!
Acho que entendi, é correto!

Aluizio Amorim disse...

Renan,
perfeito. Estatismo é menos liberdade política e menos liberdade econômica. Veja a Venezuela onde há escassez até de papel higiênico. Onde o capitalismo com democracia floreceu há abundância. O mais interessante que o capitalismo traz consigo a exigência de liberdade política. Volte os olhos para a China, onde há ditadura comunista, tolhendo a liberdade política, enquanto o Estado concede liberdade econômica, de mercado. O nível de corrupção é avassalador. Mas só o fato de ter aberto o mercado a China minimizou a fome. São cerca de 1,4 bilhão de habitantes. Na verdade, são as empresas ocidentais capitalísticas que põem o pão na boca dos chineses, já que turbinaram a exportação daquele país.
Obrigado.

Anônimo disse...

Mestre aluizio, nao creio que o foco seja estatizacao ou manobras de manipulacao partidarias/consrv/comunist/ditad, ou jogo de informacoes q que dispersa a
Inteligencia. Tb nao sei qual a sua intencao, (muita informacao jogada nao eh so um debate democratico, mas uma forma de dispersao e tb de manipulacao)mas fica claro apenas que a exigencia maior eh de medidas anti-corrupcao e representatividade direto, com participacao ativa da populacao atraves de canais. Nao mais com expectadores apos eleicoes, mas como deliberadores constantantes durante os 4 anos de mandato. Dimnuindo regalias e criando exemplos que vem de cima. Assustar com tanques e medos de revoltas tb eh manipulacao. Medidas para oxigenar a velha democracia saciariam os manifestantes e a grande maioria da sociedade. Nao agradria a velharia politica, que reagiria. Eh triste, mas as maiores conquistas vem sempre c algum grau de sofrimento associado.

otton_universo disse...

... " Em uma grande diversidade de opiniões, venho com um certo 'MEDO' dizer que a coisa não anda bem.O problema não é só a corrupção. É o caminho que isso tudo desbrava e nos obriga à ver muita gente que vive iludida nas façanhas pagas por regimes que parecem não verem e não saberem que um dia em breve, tudo isso acaba. Ninguém levará para o andar de cima o que nesse aqui tem tanto valor. O corrupto e o Corruptor estarão de mãos dadas para saírem da lama que causaram. Sinto escorrer do meu asco toda essa ebolia de secagem. Estamos na expectativa desse final. Tenho dito.